Um iPad na mão e uma ideia na cabeça: acabar com o cyberbullying

 

Secretária de Educação do Rio, Claudia Costin, aposta em sua rede de seguidoras no Twitter para combater o problema na rede municipal de ensino

Fonte: Veja Cecília Ritto, do Rio de Janeiro

“A competição e o individualismo são aspectos culturais que promovem o bullying.
Esta é uma forma de violência que se repete ao longo do tempo e tira o poder da vítima de ser tratada como uma pessoa igual aos seus pares”
“Antes da internet o bullying estava mais restrito. Com o cyberbullying, o que poderia ser apenas uma brincadeira passa dos limites, porque se repete ao longo do tempo. A internet não esquece”, afirma Rodrigo Nejm

Claudia Costin começou a usar o Twitter para manter-se em contato com a filha, que havia acabado de viajar para um intercâmbio na Itália onde ficaria por três meses. As duas trocavam mensagens sobre a vida privada, como tantos outros fazem. De repente, ela se perguntou: “O que eles querem saber sobre a conversa com a minha filha?”. O seu número de seguidores crescia, e a maioria deles era composta por professores. Diante da repercussão de suas postagens, ela adaptou o conteúdo de seu microblog e deu nova utilidade ao seu perfil na rede social. Hoje, com mais de 13 mil seguidores, a secretária municipal de educação do Rio de Janeiro descobriu como usar a ferramenta para facilitar a gestão das escolas da cidade.

Esta semana, Claudia, a líder dos internautas da educação no Rio, participou do primeiro encontro de professores no Twitter. Quando cada um que chegava para o evento recebia um crachá em que se registrava o nome da pessoa e sua conta no microblog – o símbolo “@” seguido de um espaço a preencher.

A discussão aconteceu em uma escola na Tijuca, zona norte, para tratar de bullying e cyberbullying. Foi uma prova de que a rede de professores conectados tem facilitado a transmissão de informações. “Professores com Twitter são difusores das novidades. Enquanto estávamos aqui nos reunindo, já foi postado o telefone da delegacia de crimes na internet para evitar o cyberbullying. Vários já transmitiram para os outros, e isso vai sendo disseminando”, diz Claudia, uma entusiasta.

Claudia Costin faz visitas às escolas duas vezes por semana e, ao final de cada uma, ‘tuita’ fotos e impressões sobre as instituições. Aos 55 anos, a secretária passa três horas por dia no Twitter. E avisa: “Para me seguir, tem que ser apaixonado por educação”. É por ali que ela traça uma linha de comunicação com professores, garimpa informações sobre métodos bem-sucedidos e fica sabendo de problemas vividos dentro de uma das mais de mil escolas e creches municipais.

“Não há transformação na educação que não passe pelo professor”, afirma a secretária, que aposta no contato com os docentes para ultrapassar as dificuldades encontradas em cada colégio. No começo de sua gestão, ela utilizava o email para o diálogo rápido com professores. Eram mais de 350 mensagens diárias, o que estava ficando difícil de administrar. Partiu, então, para o Twitter. Durante o encontro, manteve-se conectada, com a ajuda de um iPad.

Enquanto postava em tempo real o que acontecia no evento, o diretor de prevenção da ONG Safernet, Rodrigo Nejm, palestrava sobre as consequências do bullying na internet. “A competição e o individualismo são aspectos culturais que promovem o bullying. Esta é uma forma de violência que se repete ao longo do tempo e tira o poder da vítima de ser tratada como uma pessoa igual aos seus pares”, dizia ele. A secretária, de olhos vidrados no tablet, ouvia – e digitava.

“Antes da internet o bullying estava mais restrito. Com o cyberbullying, o que poderia ser apenas uma brincadeira passa dos limites, porque se repete ao longo do tempo. A internet não esquece”, analisava Nejm. Ele reforçava a importância de os professores atuarem como mediadores desse debate para estancar a violência. E alertava que a Justiça poderia punir e até condenar as famílias de crianças que praticassem bullying na internet. Outros professores também tiveram espaço para contar histórias vividas em sala e falar sobre como superaram a situação.

Aparentemente, a secretária estava no seu mundo – o do Twitter. Mas a prova de que estava conectada também à discussão está nas intervenções que fazia, pedindo, volta e meia, o microfone. Atenta ao que se falava, avisava que havia postado telefones úteis no microblog, acrescentava informações dos palestrantes e mostrava desenvoltura para escutar e navegar. Digitava e indignava-se com a história de uma mãe contando que a filha levava chutes e pontapés na escola e nada era feito. “A freira do colégio dizia que era brincadeira de criança. A professora falava para a minha filha, na época com sete anos, que não queria saber de fofoca. Isso foi em 2003, e ela precisou por muito tempo de acompanhamento psicológico”, explicava Ellen Bianconi, de 48 anos.

Ao final do evento, já de noite, Claudia levantou-se, pôs o iPad debaixo do braço e seguiu caminho. “Acordo pensando em vocês e durmo pensando em vocês. Meu marido também”, brincou, em referência aos seus seguidores. A despedida da secretária, como manda o microblog, foi curta: “Até amanhã às 6h”, disse, numa referência ao horário em que começa a ‘tuitar’.

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